Desigualdade racial na educação ainda é grande



Foto: Daiane Souza / Acervo Pessoal

Por Fernanda Lopes

Apesar de evidenciar o maior acesso da população negra à educação, os dados provam que a desigualdade racial nesse setor ainda é grande. Realizada em 2008, a pesquisa investigou o grau de escolaridade dos entrevistados e de seus pais e mães usando a classificação de cor ou raça. Cerca de 15 mil pessoas de 15 anos ou mais foram ouvidas em cinco Estados e no Distrito Federal.

Entre todas as raças e cores a escolaridade dos filhos é maior do que a dos pais, porém entre os negros essa proporção é ainda maior. O número de filhos negros com 12 anos ou mais de estudos é quatro vezes maior quando comparado as suas mães e três vezes ao compará-los com os pais, ambos da mesma cor. Apenas 2,8% dos pais negros tinham 12 anos ou mais de estudos, entre os brancos esse número chega a 9,7%. Entre as mães 2,1% das negras tinham o ensino médio contra 6,9% das mães brancas.

As desigualdades raciais na educação é uma realidade que precisa ser reparada com extrema urgência, pois refletem no mercado de trabalho e consequentemente nos rendimentos dos negros. Além da ampliação do acesso a escola dos anos 1990 em diante, as políticas públicas voltadas para a inclusão da população negra garantem o acesso à educação e aumenta a diferença entre essa classe de pais e filhos.

O histórico escolar da família do estudante de direito Sandro Carmo dos Santos, 23, explicita bem essa diferença. Os pais do estudante são negros e não concluíram o ensino médio, porém o incentivo deles e as cotas garantiram que Sandro entrasse para a universidade. “Meus avós não tinham estudo, meus pais não terminaram o ensino médio, mas eu vou fazer até mestrado”, diz o cotista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

DESIGUALDADE HISTÓRICA – A distância de escolaridade entre negros, pardos e o brancos se dá principalmente pelo aumento de oportunidades da população negra, pois há alguns anos os negros tinham pouco ou quase nenhum acesso a educação.

A jornalista Mara Karina da Silva, 25, também faz parte dessa estatística. A bolsa de 50% do Programa Universidade para Todos (ProUni), conquistada através de cota racial, garantiu que a jornalista se formasse em 2008 e fosse a primeira da sua casa a alcançar o ensino superior. “As políticas de promoção da igualdade racial e de ação afirmativa estão mudando esse cenário de sub-representação da população negra”, ressalta a jornalista.

A formação educacional é um importante instrumento para assegurar o empoderamento da população negra. A falta de qualificação profissional leva o negro a entrar no mercado de trabalho mais cedo e essa inserção precoce, faz com que ele abandone ou não se dedique aos estudos, ficando sempre em condições de desigualdade em relação ao branco. Pois além de entrarem mais cedo no mercado de trabalho, permanecem nele por mais tempo, ocupam os piores cargos e recebem salários inferiores.

Fonte: Palmares

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