Estudante afirma ter visto rapaz cuspindo no material de divulgação do evento. Preconceito na UnB preocupa comunidade
|
Alexandra Martins/UnB Agência |
O preconceito percorre os corredores da Universidade de Brasília. Inúmeros cartazes de divulgação da Semana da Consciência Negra UnB foram rasgados nos últimos dias. Um membro do Diretório Central dos Estudantes (DCE) afirmou ter presenciado um aluno cuspindo no material colado nas paredes do ICC.
|
Alexandra Martins/UnB Agência
Cartaz cuspido por vândalo no ICC |
|
Alexandra Martins/UnB Agência
Cartazes foram rasgados e cuspidos por homem não identificado
O estudante de História Caio Cateb conta que caminhava do Minhocão para o Pavilhão João Calmon, no fim da tarde de quarta-feira, 17 de novembro, quando avistou um rapaz - com idade entre 20 e 30 anos - arrancando cartazes do mural, no sentido oposto. Quando os dois se aproximaram, Caio percebeu que o rapaz agia contra o material de divulgação da Semana da Consciência Negra da UnB.
Caio afirma ter ficado surpreso com aquela atitude. O choque aumentou quando ele viu o homem cuspindo no cartaz. “Fiquei muito chocado. Nunca vi ninguém fazer isso no mural, por mais diversos que fossem os temas divulgados”, declara. “Chegar a esse nível de intolerância é uma agressão a todos”, completa.
O estudante chegou a perguntar ao rapaz o porquê do vandalismo. “Ele disse que não achava certo ter um seminário sobre consciência negra porque não deve haver exclusividade na universidade”, relata. “Eu acho que as pessoas têm direito de ser contra qualquer pensamento. Mas acima disso deve haver respeito”, pontua.
PARTICIPAÇÃO - “Algumas pessoas têm o sentimento de que as cotas criam uma divisão que não existia antes”, afirma o estudante de Ciências Sociais Eduardo Dantas, um dos organizadores da Semana de Consciência Negra. “Antes das cotas, algumas pessoas tinham a sensação de que a universidade era um espaço só para brancos. Agora, com as políticas de ação afirmativa, elas estão se sentindo ameaçadas em perder esse espaço”.
|
|
Para Eduardo com as cotas certas pessoas se sentem ameaçadas em perder espaço |
O professor Nelson Inocêncio, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) acredita que a construção da igualdade racial poderia ser ampliada com a participação dos docentes da universidade. “Os professores precisam se envolver na discussão do tema dentro do campus”, defende. “Nós somos formadores de opinião. Se a gente não se dá conta da importância do nosso papel na construção de uma democracia, cria-se esse tipo de comportamento". Nelson classificou o processo de discussão racial no Brasil de “esquizofrênico”. “Aqui se produz racismo e ao mesmo tempo se afirma que isso não existe”, declara. “Não se pode afirmar que uma coisa que afeta a vida das pessoas, está no cotidiano e pode ser percebida claramente não existe”.
Textos: UnB Agência. Fotos: nome do fotógrafo/UnB Agência.
|
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirO gesto desse camarada é uma metáfora do tratamento que a sociedade dá à pessoa negra. Não poderia ser mais explícito...
ResponderExcluir