Exposição na Presidência destaca a diversidade artística brasileira

Nahima Maciel
Publicação: 30/09/2010 08:00 

A história que os curadores Lauro Cavalcanti e Victor Burton pretendem contar em Bem do Brasil começa no século 17 e chega aos dias de hoje para mostrar que o patrimônio artístico brasileiro é marcado pela diversidade. As 150 obras da exposição ocupam a partir de hoje o Salão Térreo do Palácio do Planalto com peças representativas de três séculos de história da arte brasileira. Arte erudita, sacra, afro-brasileira, indígena e artesanato estão entre as escolhas dos curadores. “Queremos mostrar a pluralidade do patrimônio brasileiro tratando tudo com a mesma importância, tirando a ideia de hierarquia entre as artes”, avisa Burton.


Máscaras das cavalhadas de Pirenópolis, peças do acervo do Museu Edison Carneiro



As obras foram selecionadas em acervos de museus de todo o país e em coleções particulares. Na entrada, o visitante é recebido por um grupo de carrancas do São Francisco da década de 1940 para, em seguida, adentrar a sala principal, na qual duas enormes estantes mesclam obras de diferentes épocas num mosaico eclético da produção brasileira. “A ideia é celebrar e trazer para a capital federal esse conjunto reabrindo o Palácio do Planalto”, diz Cavalcanti, ao citar a recente reforma do prédio projetado por Oscar Niemeyer. Bem do Brasil estreia em Brasília e a intenção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que organiza a mostra, é levar as obras para outras cidades e incluir, a cada estágio da itinerância, peças de acervos locais.

Uma série de telas históricas inicia o percurso com um panorama dos temas e estilos na pintura brasileira. A vista da enseada de Botafogo, de Nicolas Taunay lembra a presença estrangeira nos primeiros momentos da arte produzida no Brasil. Taunay chegou ao Rio de Janeiro em 1816 com os pintores da Missão Artística Francesa e confeccionou diversas paisagens do litoral carioca antes de retornar à França, em 1821. Para dialogar com o artista, os curadores escolheram pinturas brasileiras. Uma favela de Di Cavalcanti, um retrato do povo brasileiro, de Lasar Segall, e uma vista de Ouro Preto feita por Alberto da Veiga Guignard trazem temas nacionais e perspectivas modernas.

Oratório afro-brasileiro, com São Cosme e São Damião
Uma área ficou reservada para os saberes e fazeres populares. Quadros de Djanira dedicados ao futebol, circo e música dividem a sala com alambique, forma de fazer queijo e mesa de rapadura confeccionados no século 19. Nas estantes, além de santos barrocos estão peças modernas, como uma cadeira desenhada por Niemeyer e cabeças de bonecos de Paraty. Entre as esculturas, o destaque é para um santo em bronze considerado o primeiro a ser fundido no Brasil por Mestre Valentim.

Um painel com os azulejos projetados por Cândido Portinari para o prédio do MEC no Rio de Janeiro foi reproduzido ao lado de uma parede de azulejos portugueses do século 18 vindos de São Luís, na tentativa de mostrar como a tradição alimentou o modernismo brasileiro. “Além disso o palácio é um bem patrimonial, então era muito significativo fazer a exposição num espaço que representa o modernismo brasileiro”, repara Victor. Uma pequena sala de cinema também foi montada para receber os vídeos de registro do patrimônio imaterial catalogado pelo Iphan. “Indo à exposição, a pessoa tem a impressão de que é uma exposição parcial que tenta mostrar o todo e a formação das identidades nacionais”, completa Cavalcanti.

BEM DO BRASIL

Exposição de 150 obras de arte brasileira. Abertura hoje, às 18h30, no Palácio do Planalto (Praça dos Três Poderes). Visitação até 15 de novembro, de segunda a sexta, das 10h às 18h. Sábados e domingos, das 12h às 17h.

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